O último relatório do Ministério da Saúde apontou que 60,8% das crianças com menos de dois anos de idade comem biscoitos, bolachas e bolos e que 32,3% tomam refrigerantes ou suco artificial. O estudo realizado em parceria com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2015 revela uma situação preocupante: atualmente, um terço das crianças de 5 a 9 anos, um quinto dos adolescentes e mais da metade dos adultos em todo o mundo está com excesso de peso. Esses dados resultam em um aumento das doenças crônicas, que estão entre as principais causas de mortalidade e adoecimento.
Existe a necessidade de uma criança com menos de dois anos já consumir alimentos que contém tanto açúcar? (já que uma lata de refrigerante equivale em média a sete colheres de açúcar); e o que esse consumo precoce pode gerar em longo prazo? Como orientar o filho a trocar o refrigerante por um suco de fruta? Para a pediatra Valéria Clemente, diretora de projetos, acesso ao mercado e pesquisa clínica da Evidências – Kantar Health, não existe porque oferecer açúcar aos pequenos. “Uma criança com menos de dois anos não precisa e não tem porque ter experimentado o açúcar refinado, já que existem muitos alimentos que possuem sacarose na própria composição, como frutas, arroz, feijão e cenoura, dentre outros”. Além disso, a ingestão de doce pela criança faz com que ela sinta necessidade de mais açúcar. “Entra na questão da complementaridade: cada vez que você dá refrigerante, você está despertando na criança mais vontade de comer açúcar, porque sabemos que é gostoso, ou seja, enquanto a criança não experimenta açúcar, ela não vai querer”, declara. Outra substância prejudicial contida no refrigerante é o sódio – uma latinha contém quatro gramas, sendo que o consumo diário máximo indicado para uma criança é de até 3,5 gramas.
Orientar uma criança não é tarefa fácil, ainda mais com a grande oferta e disponibilidade dos produtos industrializados. “O papel do pediatra é fundamental para orientar os pais em atitudes que refletirão no desenvolvimento dos filhos. Desde moldar o paladar da criança oferecendo suco de fruta ou água. Sei que não é fácil para os pais ter sempre uma fruta disponível para fazer suco, além do trabalho e das tarefas do dia-a-dia. Mas a grande responsabilidade da alimentação é dos adultos: não só os pais, mas os avós, irmãos, tios, toda a família tem que estar engajada no bem estar do pequeno”, afirma Clemente.
Uma situação muito comum é quando os pais não estão por perto, como em uma festinha de aniversário ou na cantina da escola: como garantir que as crianças vão optar pelo alimento mais saudável? Clemente afirma que é possível despertar nos pequenos a vontade de escolher o melhor para sua alimentação. “A criança reflete o que ela aprende com os pais, ou seja, se ela tiver um bom hábito alimentar dentro de casa, a chance de mantê-lo fora é bem maior. Se um dia ou outro ela escapulir, não tem problema. Os pais têm que vigiar dentro de casa para que ela se sinta à vontade para escolher quando eles não estão por perto. Outra orientação interessante é o pai ou mãe ter o cuidado de visitar a cantina da escola, ver o que é vendido, orientar a criança no que é melhor para consumo, também conversar com o atendente da cantina... Inclusive hoje em dia, são comuns escolas que têm essa conduta”, declara Clemente.
Além da praticidade dos produtos industrializados, os pais ainda precisam driblar a influência das embalagens com bichinhos ou personagens. “Esse é um assunto polêmico que divide opiniões entre os pediatras, já que é visto por alguns como uma forma de marketing para atingir as crianças e para outros, como um de estímulo. Mas apesar de qualquer personagem que esteja na embalagem, quem tem o poder de decidir se vai comprar um alimento ou não são os pais. São eles que devem ter a consciência do que estão comprando para seus filhos”, enfatiza Clemente.
O ideal é deixar claro para a criança que toda a alimentação tem um porquê e é importante para seu desenvolvimento e crescimento. “Desde a história de dar a comida brincando de aviãozinho, disfarçar a hora da comida não é correto: a criança tem que saber que hora de comer é hora de comer, e hora de brincar é hora de brincar. O que pode ser feito é deixar a comida mais colorida ou arrumar o prato de maneira lúdica de forma a estimular na criança o gosto pela comida. Isso sim é positivo”, aponta.
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